Fonte TN.
Os moradores do bairro das Quintas - zona Oeste de Natal - estão amedrontados. As portas se fecham ao primeiro sinal de início da noite. Andar pelas ruas pode se tornar um passeio trágico e até mesmo fatal. As rixas que envolvem a comercialização de drogas e também as rivalidades entre facções criminosas ligadas a torcidas de futebol levam terror à região. A criminalidade crescente por vezes traz conseqüências desastrosas para a população, que contabiliza cada vez mais assaltos e mortes frente ao descaso dos órgãos de segurança pública. Na noite da segunda-feira passada, a vítima foi o adolescente Rodrigo Daniel de Oliveira, de 16 anos de idade. Atingido por quatro disparos de arma de fogo, o jovem se encontra em estado grave no hospital Walfredo Gurgel.
Adriano Abreu
Rua São Geraldo vem sendo alvo de crimes no bairro das Quintas
A tentativa de homicídio não foi a primeira a ser registrada nas últimas duas semanas. Nas proximidades da localidade onde o jovem Rodrigo foi alvo da violência, um homem havia sido executado com mais de vinte tiros. A violência latente altera o cotidiano da população e incute o medo no cotidiano dos trabalhadores e das famílias. "Eles estão roubando e matando para impor o medo e dizer que são eles que mandam aqui agora", disse uma mulher que preferiu não se identificar por temer represálias.
A equipe de reportagem da TRIBUNA DO NORTE esteve na rua São Geraldo durante a manhã de ontem e conversou com a família do jovem Rodrigo. A sua mãe, a costureira Maria José de Oliveira, 60 anos, mostrava-se abatida com a tentativa de homicídio. "Fizeram isso porque ele mora aqui nessa região. Está tendo essas brigas agora e sobra para todo mundo que estiver por perto. Não tem envolvimento com drogas e não tinha nenhuma rixa com ninguém", disse Maria José.
O jovem estava em uma calçada da rua São Geraldo quando foi abordado por outros adolescentes que o perseguiram e atiraram contra ele. Foi atingido duas vezes no peito, uma vez no braço e um tiro acertou a sua nuca. Rodrigo foi atendido e conduzido ao hospital Walfredo Gurgel, onde passou por procedimentos cirúrgicos.
"Está todo mundo com medo aqui. Quando dá 18h, todos já começam a fechar as portas", disse Maria José. A mãe descreveu a personalidade do filho como introvertido e com indícios de depressão. "Durante a madrugada é comum ouvir tiros bem perto da nossa casa e ele já acordava assustado. Não sei se foi isso, mas com certeza contribuiu para o estado de saúde que ele já tinha", esclareceu.
Os moradores reclamaram das ações de patrulhamento da Polícia Militar e das ações de investigação da Polícia Civil. "A patrulha passa aqui de vez em quando e só faz baculejo em quem não tem nada a ver. Na hora que o bicho pega mesmo não tem nada de polícia. Só chega depois que matam alguém", reclamou a costureira. Rodrigo é o filho mais novo dos cinco de Maria José e permanece sob observação no hospital Walfredo Gurgel.
O coronel Wellington Alves, comandante do policiamento metropolitano, confirmou a informação de que a criminalidade da região está ligada ao tráfico e a pessoas que se dizem ligadas a torcidas organizadas. "O problema do tráfico existe, assim como pessoas que se aproveitam e se passam por torcedores para praticar crimes", disse durante a manhã de ontem. Segundo ele, o geoprocessamento dos dados tem apontado um índice além do normal.
"Destacamos a inteligência para descobrir esse aumento dos crimes e estamos mantendo o patrulhamento de rotina. Caso seja necessário poderemos acionar a Rocam e até mesmo a Cavalaria para um trabalho em específico", afirmou o coronel Alves.
A equipe de reportagem tentou contato com o delegado Raimundo Lucena, titular da 7ª DP, localizada nas Quintas e responsável pela condução de investigação na região. No entanto, ele não se encontrava na delegacia no momento em que foi procurado.
Metrópole Segura chega a um mês
No dia 9 de fevereiro de 2012, a Polícia Militar deu início a um reforço de efetivo visando combater a criminalidade que se mostrava crescente na Grande Natal. Na oportunidade, deflagrou-se a operação "Metrópole Segura", em que o efetivo foi aumentado em 50% nas ruas. Hoje, pouco mais de um mês depois, as autoridades da segurança pública têm uma avaliação positiva do trabalho realizado. "Reduzimos o índice de criminalidade e a população percebeu a redução dos casos de assaltos, particularmente a ônibus", disse o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Francisco Canindé de Araújo Silva.
Em um mês de trabalho, as barreiras fiscalizaram mais de 19 mil veículos e 84.659 pessoas foram abordadas. O trabalho resultou na prisão de 102 pessoas, sendo 70 em flagrante, sete por mandados e 19 eram foragidos. Quarenta e duas armas foram apreendidas, sendo 35 revólveres, duas pistolas e cinco espingardas. Além disso, quantidade de drogas como crack, cocaína e maconha foram flagradas. O comandante da PM não soube comparar o quantitativo e dizer se o número representa um aumento nos patrulhamentos de rotina.
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